Reda Troupe |
E hoje o tema no blog é bem legal, como prometido, este mês falaremos de Said, ou devo dizer Saidi? Ou quem sabe Saidee? Pois é, os termos são muitos, mas todos estão corretos! E você sabia que existe o ritmo e a dança? Ou devo dizer Racks el Assaya? Há também diferenças entre Bastão e Bengala, outros ritmos que podemos utilizar para dançar, tem também um tal de "Bastão moderno"...enfim! Se você esta confusa ou curiosa, preste atenção neste post.
Antes de falar sobre qualquer coisa temos que entender a origem dos acontecimentos, o que levou a dança a ser dançada da forma com que vemos hoje frequentemente nos palcos de concursos, mostras e afins. O ritmo Said normalmente é o primeiro a ser ensinado nas aulas de dança do ventre porque está presente na maioria das músicas, ele pode ser considerado uma versão do ritmo Maksoum e por este motivo também pode ser encontrado sob o termo de maqsum said e tanto a dança quanto o ritmo originou-se da região de Said, localizada no alto Egito.
A dança da bengala/bastão ou Raks (dança) El Assaya (bengala), surgiu através do Tahtib, uma dança masculina que é executada com dois bastões longos e movimentos que enfatizam a postura e a força. As mulheres começaram a dançar de brincadeira nas festas apenas para satirizar os homens, mas esta dança folclórica acabou sendo introduzida nos grande espetáculos de dança do ventre pelo coreógrafo Mahmound Redá. Fifi Abdo teria sido a primeira grande dançarina a apresentar performances com a bengala. Antigamente ela era utilizada por pastores, e quando estes homens tinham que ir para a guerra deixavam as suas casas, e como consequência, a sua missão pastoril para suas mulheres e filhos.
Quando retornavam de suas batalhas notavam que o número de ovelhas aumentava e que estavam saudáveis, então os homens da tribo injuriados demonstravam com a bengala sua destreza com as mãos, como que em uma competição, demonstrando o quanto eram fortes e ágeis. Com este costume, eles acabavam dançando nas festas, e utilizavam a bengala em seus movimentos, Geralmente dois homens dançam juntos, aparentando e simulando uma luta. Eles fazem acrobacias com o bastão, demonstrando toda sua agilidade e habilidade, atacam e desviam os golpes de bastão um do outro. Pode-se notar que a movimentação desta dança é mais forte e mais agressiva do que a feminina.
Já dança feminina exibe mais agilidade e charme, por isso, a mulher pode utilizá-lo para fazer movimentos com o instrumento, marcações batendo-o no chão, equilibrá-lo ou usá-lo como moldura para o corpo, também pode-se fazer diversos tipos de giros com o bastão, horizontais, verticais, oitos, além de usá-lo como apoio no chão ou no ombro em deslocamentos.
Ao dançar com este elemento, lembre-se que ele retoma e representa a vida cotidiana, relaxe um pouco a postura ereta dos braços usados nas músicas clássicas, é comum também não ter muitos movimentos na meia ponta. Entretanto como coreógrafa e espectadora em concursos, acredito que há uma ressalva sobre a meia ponta para ser utilizada em grupos, pois para fazer os desenhos de palco e os deslocamentos que dão tanto dinamismo e alegria o uso da meia ponta acaba sendo bem vindo, só vamos usar este recurso com consciência certo? Meia ponta em twists e saltitos ok, mas não vá colocar um deslocamento em chassé e dizer que ok, é tudo em nome do dinamismo e alegria... rs
Mizmar |
Quanto as vestimentas, este estilo de dança tem um "figurino" típico, as mais tradicionais são as galabias, mas existem outras opções como os vestidos. A única "regra" por assim dizer, que eu conheço é que a "barriga não pode ser mostrada", pelo menos não sem nada, então lenços emendados entre o top e o cinturão, lycras, blusas com renda vazadas por cima do top, segunda pele bordada entre outros, costumam ser bem aceitos. Em todos os casos, sempre há um lenço ou cinturão de moedas no quadril, para marcar bem sua movimentação. Também é comum usar lenços na cabeça.
Se a dúvida são as movimentações para utilizar, existem duas coisas que em minha opinião pessoal precisam ser trabalhadas: movimentos DE bastão e movimentos COM bastão. A diferença é pequena no português, mas gigante no palco! Imagine esta situação: Você está linda e bela esperando assistir a apresentação dos grupos de dança da sua escola e entra um grupo folclórico com bastão, aí você pensa "Ual! Algo diferente" e aí elas fazem camelos, oitos, tremidos, lindas movimentações de palco segurando o bastão em cima, em baixo e do lado, e quando você espera algo novo, acaba a apresentação. Oi? Na minha opinião, se for para fazer os mesmos passos que uma música clássica teria, por que você colocou um bastão na coreografia?
Então fica a dica: o bastão foi feito para girar, para ser batido no chão, para fazer coisas que você não pode fazer sem ele e não deixar tudo igual. Abuse de passos folclóricos, jogue-o para cima, brinque com seu público e passe essa alegria para o palco pelo-amor-de-deus! Ufa, precisava desabafar! Ok, já passou.
Então fica a dica: o bastão foi feito para girar, para ser batido no chão, para fazer coisas que você não pode fazer sem ele e não deixar tudo igual. Abuse de passos folclóricos, jogue-o para cima, brinque com seu público e passe essa alegria para o palco pelo-amor-de-deus! Ufa, precisava desabafar! Ok, já passou.
Agora tenho algo a dizer, quem estava no Mercado Persa de 2011 assistiu apresentações inusitadas na categoria profissional, para quem não sabe, todo ano tem um tema e precisamos segui-lo a risca se não perdemos pontos, já teve de tudo, véu, samia gamal, entre outros. E neste ano foi uma mistura de estilos (não sei ao certo porque não competi neste ano, então não baixei o regulamento), chamado de "Bastão Show", a belíssima Linda Hathor ganhou dançando uma mistura de uma música de Zouk (sim e eu amo essa música que ela dançou, chama-se Massari) com bastão. Cada um em um momento, e os organizadores do evento chamaram de "Bastão Moderno".
Como opinião pessoal, veja bem PESSOAL, eu acho que se é para montar uma coreografia para uma proposta de regulamento de um evento, ok, você mostra a sua diversidade, capacidade de criação, acho ótimo. Mas o que pipocou depois de gente fazendo bastão com remix de músicas, de calça e barrida de fora em concursos de folclóricos tradicionais e que não tinham contexto algum, foram muitos, e o pior, ainda brigavam com os jurados quando eram desclassificadas. Meninas, leiam o regulamento, apenas isto, aprendam a ler e a respeitar a proposta de cada concurso, se você não concorda basta não ir, é bem simples.
Se essa moda pega eu não sei, enquanto isso vamos estudando o que já temos no mercado certo meninas?
Espero que tenham gostado do post, a ideia dessa série e sempre trazer mais informação embasada da nossa dança pra vocês. Agora em março a Mahasin irá estrear uma coreografia de bastão... então fiquem ligadas e mandar a opinião de vocês sobre o trabalho =]
Créditos da pesquisa:
- Central da Dança do Ventre
- Cadernos da Dança
- TCC da Aline Fátima da Rosa Mesquita "Do Tahtib a Dança da Bengala"
- Nahdi Michelli, Takussi Simone, Sabah. Dança do Bastão, a milenar dança do ventre, São Paulo, V.2, 33-41, 2001.
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