terça-feira, 9 de agosto de 2016

Na Sala de Aula: Dança do Ventre x Maternidade

Por Leide Cruz

A dança do ventre pra mim sempre foi a forma como eu me sentia mais mulher. Eu vestia meu figurino de dança do ventre e adorava ver como ficava linda nele, e não imaginava como poderia ser melhor... Então ficou: eu consegui atingir minha meta de tirar o DRT, comecei a dar aulas, entrei para a Cia Mahasin, voltei a estagiar na minha área (pedagogia) e ainda não conseguia imaginar como poderia ainda ficar melhor.

E daí veio a notícia. Eu estava grávida e sinceramente, mesmo sendo algo que sempre quis e mesmo estando muito feliz, imaginei que aquilo iria me fazer perder tudo o que eu mais amava fazer, pensei que não poderia mais dar aulas, participar dos ensaios e coreografias da Cia e estagiar. Mas foi tudo diferente. Minha professora me aceitou dando aulas e ainda me ajudou colocando uma estagiária para me auxiliar nas aulas nos primeiros meses, continuei nos ensaios e coreografias da Cia e também no estágio de pedagogia.

Minha primeira preocupação era saber se meu bebê estava bem e se eu poderia continuar fazendo as mesmas coisas de sempre. Fui ao médico, fiz todos os exames, vi que meu bebê estava bem, daí ele me orientou que evitasse movimentos pélvicos e de impacto, devido aos primeiros meses serem os mais delicados e estes tipos de movimentos poderiam ocasionar descolamento de placenta, que, se ocorresse, seria ruim para mim e para o meu bebê, e aí sim eu teria que parar minhas atividades. Assim, nos primeiros meses, tomei todos os cuidados, evitei esses movimentos, em alguns momentos fiquei apenas observando, mas continuei fazendo o que eu tanto amo.

E assim fui me redescobrindo, como mulher, como bailarina e como mãe... Meu corpo foi mudando, mas continuei me sentindo linda; minhas curvas estavam diferentes, e ainda assim continuavam lindas; nem todas as minhas roupas me serviam, mas eu sempre conseguia encontrar uma forma.

Tomei todos os devidos cuidados, fiz meu pré natal direitinho, tive paciência, e, então, lá se foram os primeiros 4 meses, quando meu médico me liberou pra continuar minhas atividades sem restrições. A partir daí, a minha ansiedade era ver minha barriga crescer e sentir meu bebê mexer... E descobri uma coisa: Benjamin a caminho! Era um menino, meu habibi!

O tempo foi passando e fui me sentindo completa, dançar já me fazia muito feliz, mas dançar com o filho era o sentimento mais indescritível que eu já senti, e continuar dançando me fez muito bem psicologicamente e fisicamente, pra levar bem minha gestação até os 9 meses, e, assim, dancei até os 8 meses.

Meu Benjamin nasceu no tempo certo, no final das aulas. Quando o resguardo terminou, as aulas voltaram e eu consegui voltar também. No primeiro mês, ele ainda me chamava no meio da aula para mamar, mas agora ele consegue ficar o período todo com o papai e já consigo fazer minhas aulas inteiras. Esse é o nosso momento, ainda estou voltando aos poucos para as minhas atividades, porque quero curtir esse momento e quero estar mais com ele.

Ele mudou a minha vida, ser mãe me trouxe uma percepção diferente do mundo, me trouxe valores diferentes e um entendimento real do que é doação e hoje sei que a minha dança é mais plena, pois enxergo que o mundo não define quem eu sou, que as pequenas coisas, os pequenos momentos tem grandes significados e que é preciso saber se doar por aquilo que se ama, pois quando nos doamos por aquilo que amamos, fazemos com o coração, isso com quem amamos e com a dança.

A dança do ventre me ajudou demais, os movimentos de oitos, redondinhos ajudam a aliviar a dor durante o trabalho de parto, a dança me ajudou muito na questão de flexibilidade, me ajudou a conhecer melhor o meu corpo, ajuda a aliviar o estresse, fora que é muito bom todo o carinho que você recebe de todas as amigas e parceiras de dança...


Dicas

Faça seu pré natal direitinho;
Respeite os seus limites;
Confie na sua intuição;
Curta e registre cada momento;
Não deixe de fazer o que gosta;
Seja paciente e entenda que você está vivendo um momento único;
E sinta tudo com muito amor, sua dança e a vida dentro de você!



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