terça-feira, 16 de agosto de 2011

Experiência de vida dentro do palco

Por Isis Mahasin...



É impressionante como a dança pode mudar a vida das pessoas. Desde Julho de 2010 eu curso técnico em dança na escola Shiva Nataraj, e nessa escola conheci uma pessoa que hoje eu admiro e que é muito querida não só por mim mas por todos da turma do técnico. A Raquel é uma pessoa extremamente sensível e quando a vi dançar pela primeira vez consegui sentir a emoção em sua dança. Cada pessoa traz para o palco as emoções que viveu na vida, de tal maneira que uma menina muito nova (como era o meu caso há uns anos atrás) tem dificuldade de espressar-se nos momentos tristes ou introspectivos da música, pois não tem "bagagem", vivência para isso.



A cada história que ela contava em sala, a cada vivência que compartilhava, eu entendia que mais que seus obstáculos superados, a importância que a Dança (e quando falo dança digo de maneira geral, mas no caso da Raquel, Dança do Ventre!) tem na nossa vida quando a deixamos penetrar e o quão fundo ela pode ir. A dança traz um conhecimento corporal muito grande, e um conhecimento pessoal maior ainda. Permitir-se entrar em contato consigo mesma é a primeira barreira a se romper, só ao encarar quem você é com todos os defeitos e qualidades é que você pode saber o que pode trazer ou não para o palco no momento da dança, e em que momento você vai acionar isso também é importante. Há alguns meses atrás estava no meu primeiro bate papo com a Vera Moreira (Verinha para os íntimos!! Sou fã dela desde então!) e estávamos conversando sobre a história de Lulu Sabongi, papo vai, papo vem, chegamos a conclusão que ela é o que é pois cada dança dela revela o momento que ela está vivendo e isso é o mais bonito e singular em sua dança. Me pergunto se a dança da Lulu seria a mesma sem tudo o que ela passou na vida, sem seus altos e baixos, dificuldades e conquistas...acredito que não. Claro que continuaria com a mesma qualidade e trajetória, mas talvez não fosse tão singular, tão rica.



Então ao invés de tentar copiar os braços do momento, os giros do momento ou fusões, ou roupas, não nos preocupamos também em trazer a nossa história para dentro da dança? Conversando com o professor de Danças Brasileiras do técnico (Fantáaaastico!), o Anderson, chegamos a conclusão (pelo menos foi o que eu entendi e absorvi de todo o bate papo com a sala...) de que enquanto eu não me entender como ser humano, como pessoa, não posso fazer com que os outros me entendam. E nós, bailarinas do mundo Belly Dance sabemos o quaaanto custa fazer algo realmente singular (principalmente após colocar no youtube rsrsrs!), ou assistir aquela bailarina que realmente transmite algo e não só faz uma sequência de passos em cena. Então trazer sua origem, sua raiz para o palco é trazer algo que não pode ser copiado, algo que é só seu. Voltando a história da Raquel (motivo principal desse post) hoje ela está muito bem, obrigada. Acredito que ela foi salva pela dança, pois quando dançou sentiu a necessidade de entrar em contato consigo mesma, e isso ajudou a derrubar vários de seus bloqueios, pois finalmente os enxergou. Está aí mais um motivo para acrescentar na resposta quando te perguntarem o porque de praticar a dança, e não só pela novela, por que é verão ou para dançar para o marido (quero morrer com isso!!). Acho que fica a pergunta: O que eu, minhas vivências, tudo que engloba o meu ser pode trazer para dança que contribua para seu crescimento? Acredito que o desenvolvimento da sua próxima coreografia será bem diferente...pense nisso e depois me conta!

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